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Parentalidade – como nasce e se desenvolve

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Falando do desenvolvimento e dos vários desafios que os pais ou substitutos enfrentam, diremos que a parentalidade começa a organizar-se a parir da gestação.
A gestação de um bebé é um período cheio de expectativas, em que a família se prepara para a chegada de um novo elemento. Cada criança que nasce não se integra num contexto vazio, muito pelo contrário, nasce num contexto familiar definido e marcado por expectativas, crenças, valores e metas.
É neste cenário familiar que a criança vai ser educada e formada; ela é sujeita a um conjunto de influências que vão contribuir, de forma única e determinante, para a sua construção futura. A família constitui-se, então, numa peça essencial para entender o desenvolvimento dos indivíduos, pelo que se deve considerar como o primeiro e o mais importante contexto de socialização.
De entre as tarefas que integram a função parental, o processo educativo dos filhos é, sem dúvida, o de maior complexidade.
O processo educativo alicerça-se, normalmente, em determinados valores que pais e mães transmitem e procuram que seus filhos interiorizem e assumam. Esta transmissão que se dá de geração a geração é essencial, já que valores orientam e determinam o comportamento, sendo fundamentais para entender o modo como as pessoas se situam perante si e perante os outros.
As relações interpessoais que cada um de nós estabelece posteriormente e ao longo da vida são decorrentes desse processo.
Os pais procuram agir para que seus filhos adquiram os valores familiares, ainda que não o façam de forma consciente. Os valores constituem, por si só, verdadeiras metas que os progenitores perseguem para seus filhos.

is9YZ98TKODurante a 1ª infância, quando se é mais dependente dos cuidados básicos e incapaz de responder sozinho às necessidades de sobrevivência, as crianças desencadeiam, nos adultos, sentimentos de responsabilidade e de solicitude. Os bebés são divertidos nas suas expressões e fazem demasiados apelos, face aos quais os adultos se dispõem a descodificar e a responder de forma adequada.
A infância é um período de rápido desenvolvimento em praticamente todas as áreas da expressão e das funções humanas e as pessoas deixam-se fascinar pelas diferentes formas em que os recém-nascidos, humanamente dependentes e desorganizados, se transformam e expressam as suas competências, a sua curiosidade, a sua frustração e a sua capacidade para frustrar.
As crianças até à idade em que começam a andar são particularmente susceptíveis e reactivas aos acontecimentos externos.
As interacções entre as crianças e os seus pais são frequentes e, provavelmente, o dobro daquelas que se verificam, mais tarde, por exemplo na idade escolar. Com efeito, nesta faixa etária, os pais são responsáveis por todas ou quase todas as experiências precoces dos seus filhos.
As actividades entre pais e filhos caracterizam-se, nestas idades, por padrões de sincronia e de compreensão mútua de natureza sensitiva.
Consequências directas e indirectas – Mães e pais contribuem directamente para a natureza e desenvolvimento dos seus filhos pela transmissão das suas características biológicas. Os geneticistas actuais defendem que um leque variado de características – peso, altura, inteligência e personalidade reflectem a hereditariedade em grau elevado.
Da mesma forma, as teorias mais proeminentes do desenvolvimento responsabilizam a experiência como principal fonte e componente do crescimento.
Estes resultados apontam directamente para os papéis e responsabilidades de ambas as componentes genéticas e de experiência de vida.
Sabemos que numa mesma família e num mesmo contexto social, os pais ajudam a criar ambientes distintos para cada um dos seus filhos.
Os dados empíricos atestam a influência do ambiente no desenvolvimento infantil, seja a curto ou a médio termo. Sabe-se, por exemplo que a forma como a casa está mobilada e decorada influencia o desenvolvimento. Novos brinquedos e novas decorações do quarto provocam novas aquisições no plano da linguagem.
As consequências indirectas são mais subtis. Um primeiro tipo de consequências indirectas destas é o suporte conjugal e a comunicação.
Os conflitos e os desentendimentos entre pais aumentam com o nascimento do 1º filho, diminuindo a satisfação conjugal desde a gravidez até à 2ª infância. As atitudes dos pais face a eles próprios e ao seu casamento influenciam a qualidade das interacções que estabelecem com os filhos e, em consequência, o seu desenvolvimento.
Os pais perturbados pelos conflitos conjugais têm maior dificuldade de percepcionar os sinais, por vezes, muito subtis, que as crianças emitem para comunicar as suas necessidades. As crianças que vivem nestes ambientes aprendem que os seus cuidadores são pouco fiáveis como fontes de informação ou de assistência em situações de stress.
Os dados da investigação comprovam que, quando os pais são uma figura de suporte para as mães, estas são mais competentes para assegurarem a alimentação e os cuidados necessários aos seus bebés.